(id 1616)
Engenheiro Capitão de Artilharia
Nasceu a 10/6/1903 na freguesia do Bonfim, Porto, onde morreu a 29/09/1950
PAIS José do Nascimento Pinheiro Rosa Maria Vidal
CASAMENTOS/UNIÕES I BEATRIZ DE MOURA COUTINHO ALMEIDA d´EÇA VIDAL PINHEIRO
FILHOS Pedro José d´Eça Vidal Pinheiro Ângelo Alexandre d´Eça Vidal Pinheiro Maria Beatriz d´Eça Vidal Pinheiro Maria Alexandra d´Eça Vidal Pinheiro Alexandre José d´Eça Vidal Pinheiro José Alexandre d´Eça Vidal Pinheiro Luís Alexandre d´Eça Vidal Pinheiro Maria Fernanda d´Eça Vidal Pinheiro Maria de Jesus d´Eça Vidal Pinheiro --------------
Fonte(s): GENEALOGIA DAS FAMÍLIAS ... (Arqº Álvaro Magro de Moura Bessa) pág(s): 137
Desportista dedicado, engenheiro, homem de coragem e convicções fortes, figura da Resistência à ditadura do Estado Novo, o Capitão Vidal Pinheiro distinguiu-se por ser um cidadão interventivo e, desde jovem, perseguido pela polícia política. Foi preso para os Açores e, posteriormente, desterrado para Cabo Verde. O estádio do Clube Salgueiros [Sport Comércio e Salgueiros] tem o seu nome: «Engenheiro Vidal Pinheiro»
Alexandre Vidal Pinheiro nasceu a 10 de Junho de 1903, no Porto (freguesia do Bonfim), filho de José do Nascimento Pinheiro, coronel do Exército, e de Maria Rosa Vidal Pinheiro.
Começou os estudos no Colégio Militar e dali seguiu para a Academia Militar, escola em que se formou em engenharia civil, a profissão que iria exercer até ser proibido, por motivos políticos. Em 1929 casou com Beatriz de Moura Coutinho de Almeida D´Eça, com quem teve nove filhos (1).
Ainda muito novo, afirmou as ideias republicanas e foi, por isso, muito perseguido a partir da Revolução de 28 de Maio de 1926 que implantou o regime do Estado Novo. Era politicamente activo contra a ditadura quando foi convidado a frequentar os Altos Estudos Militares, com a condição de abandonar as actividades políticas. Recusou o convite. Como consequência dessa opção, em 1929/30 Alexandre Vidal Pinheiro foi enviado sob prisão para os Açores. Durante a viagem participou numa rebelião no navio, o que o levou à deportação para Cabo Verde. Esteve preso no Tarrafal, onde o acompanhava no exterior a sua esposa. O segundo filho do casal, Ângelo Alexandre de Almeida d'Eça Vidal Pinheiro, acabou por nascer na Ilha Brava (Cabo Verde), em Agosto de 1931.
Regressado nesse ano à Ilha Terceira, participou na Revolta dos Açores (2), integrando a Junta Revolucionária de Angra do Heroísmo, era então tenente.
Expulso do Exército (3), ficou também proibido de desempenhar a profissão de engenheiro civil, que até então exercia na cidade do Porto. Sem meios - até ao final da vida ficou privado de qualquer remuneração - a sua numerosa família ficou a viver, praticamente, da solidariedade de uma irmã, Ema Vidal Pinheiro, professora de francês e também oposicionista (4).
Em 1946 voltou a estar preso, devido à sua actividade antifascista clandestina. A PIDE impediu sempre Alexandre Vidal Pinheiro de exercer cargos directivos no seu clube, o Salgueiros, mas este engenheiro acompanhou sempre com grande interesse a vida do clube e terá sido – diziam os velhos sócios do Salgueiros - mais do que uma sua sombra protectora, a sua alma.
Na campanha do General Norton de Matos à Presidência da República, em 1949, a Oposição decidiu realizar um comício no Norte, e todas as portas lhe foram fechadas, com medo da PIDE. Só o Salgueiros cedeu o campo, por decisão deste democrata, que se dispôs até a organizá-lo, deixando esse memorável comício na história política da cidade do Porto (5). Como era esperado, o clube sofreu as consequências desse corajoso gesto de independência e afirmação relativamente ao regime, mas ainda assim sucederam-se outros comícios naquele campo desportivo, em outras campanhas eleitorai.
Alexandre Vidal Pinheiro faleceu no Porto, na freguesia do Bonfim, no dia 29 de Setembro de 1950. Com 47 anos de idade.
Foi nomeado Presidente Honorário do Clube Salgueiros e o seu nome está associado, na luta contra a Ditadura, ao de outros democratas do Norte, tais como Cal Brandão, António Macedo, Virgínia de Moura e Veloso de Pinho.
Depois do 25 de Abril, por iniciativa de Vasco da Gama Fernandes, foi integrado no Exército com o posto de Capitão.
Notas: (1) Dos descendentes directos apenas apurámos os nomes de dois dos filhos, Maria de Jesus de Almeida d'Eça Vidal Pinheiro e Ângelo Alexandre de Almeida d'Eça Vidal Pinheiro (médico); de dois netos, Maria Francisca Vidal Pinheiro e Carlos Vidal Pinheiro; e de dois bisnetos: Ângelo Alexandre Vidal Pinheiro da Costa Lima e Joana Alexandra Vidal Pinheiro da Costa Lima.
(2) “ O ano turbulento de 1931, em Portugal, Irene Pimentel”, in http://irenepimentel.blogspot.pt/…/o-ano-turbulento-de-1931…
(3) No Arquivo Histórico-Militar consta o seu processo político: PT/AHM/FO/033/1/439/997.
(4) Ema Vidal Pinheiro foi perseguida logo a seguir ao 28 de Maio de 1926, quando leccionava na Escola Normal de Coimbra. Em 1917, Ema era subscritora permanente do Núcleo Feminino de Assistência Infantil que dirigiu a Casa dos Filhos dos Soldados, instituição fundada em 25 de Junho de 1917 pela Junta Patriótica do Norte para acolher e educar os órfãos de guerra. Em 1931 abdicou de tudo para poder ajudar a cunhada a criar os 9 filhos.
(5) Virgínia Moura refere o comício no livro Virgínia Moura, "Mulher de Abril - Álbum de Memórias", Edições Avante!, 2015.
Biografia da autoria de Helena Pato
- Manuel Nunes, “Vidal Pinheiro foi o engenheiro de uma nova política” - Colaboração de Amaury da Costa Lima e do historiador João Esteves.
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